quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Hoje, eu fui chamado de insensível. Depois de um tempo pensando, conclui que realmente sou, principalmente, para algumas coisas. Percebi também que a sensibilidade é um ponto de vista e como existem vários, existem também várias sensibilidades e insensibilidades. Digo isso pelo fato de que ontem, passei oito horas dentro de um ônibus acompanhado apenas da minha (in) sensibilidade e do livro Inventário, poesia completa de Laís Corrêa de Araújo. No entanto, o que realmente me assusta é que mesmo eu, um ser (in) sensível, consigo pensar na pessoa sensível que me chamou de insensível ao ler este poema:

ATO DE CONTRIÇÃO

Não me arrependo de meus erros:
nada  mais que sofrimento e vida.
Não me arrependo de meus beijos:
deixaram um pouco de mim
em muitas bocas.
Não me arrependo de meus pensamentos:
eram belos como mulheres nuas.
Perdoai, Senhor, se alguma vez
Não fui eu mesma.